Quando me pediram para escrever este texto pressupus que deveria fazer um bonito artigo universitário; fechar-me numa biblioteca, encontrar muitas citações, inventar frases bonitas e esperar que a monotonia estante teto computador me ajudasse a repensar a escola. Antes de saber sobre o que escreveria, já sabia o processo e estrutura a seguir — não porque a quisesse, mas porque me ensinaram que é assim que se escreve no mundo dos adultos.

 

Estava há dois meses na Bienal de Veneza e continuava presa à ideia que para pensar devia sentar-me numa sala em silêncio. Os espaços têm regras e as regras dos espaços do saber — a proibição do toque do barulho da pergunta do movimento — impedem que o público com eles interaja; desenhadas para a recolha de informação e não para o seu diálogo ou transformação, as filas estáticas de mesas e cadeiras roubaram-me a liberdade para imaginar uma outra estrutura que não aquela diante de mim.

 

Repensar a escola passou a ser sinónimo de repensar a relação com o espaço e com as suas regras — parar de fugir do corpo e admiti-lo nas atividades do dia a dia. Assim, este trabalho começou comigo sentada a ver as pessoas passar até chegar à desconstrução da escrita, dos limites que lhe imponho (desde a rejeição das regras de pontuação à rejeição das palavras feias e temas tabus), transformando-a numa atividade física e não meramente mental e introduzindo o corpo no processo de aprendizagem. 

 

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 Noa Brighenti